quinta-feira, 23 de junho de 2011

No divã com o zíper

Após mais de seis meses de ausência, sei lá por qual razão senti vontade de espalhar as palavras na tela de novo. Quer dizer, pensando bem, sei a razão sim.


Estive em Munique dois fins de semana atrás visitando a Tassinha e o Kiko, eis que ela me pergunta: “e o blog Vini, morreu mesmo hein?”.“Ahh, sabe como é né…acho que perdi meu ímpeto repórter com o passar do tempo…”, resposta padrão que lanço como justificativa para meu ocaso blogueiro.

Fiquei pensando naquilo depois, em como eu era efetivo em relação ao blog outrora e o quão relapsa havia se convertido minha atitude no que diz respeito ao mesmo. Refletindo cá com meu zíper (porque essa coisa de pensar com os botões é muito old fashion) concluí que o tal do ocaso se deveu basicamente ao fim do “efeito novidade”, uma vez que dado o tempo que estou fora, viver esta experiência e sua rotina já não apresenta fatos novos o bastante que seriam suficientemente interessantes a ponto de serem relatados…ou vai ver que eu é que não tenho uma verve criativa o suficiente para torná-los interessantes, vai saber…


Agora, o que acredito ter sido decisivo mesmo foi algo meio estranho, que não sei explicar bem em palavras…quando cheguei em Zurique há sete meses, fui tomado por um sentimento como que egoísta, do tipo “agora, quero viver essa experiência pra mim” como se compartilhá-la de alguma forma a fizesse menos autêntica e/ou intensa…hmm, sei lá, devaneios.


Apesar da baixa atividade do blog, a minha cabeça continuou a mil (minha velha mania de tentar prever as coisas…) esta, aliás, é uma característica pessoal que ficou bastante explícita em alguns posts, quando eu ainda estava na Polônia mas uma coisa é fato: essa diarréia mental toda, embora cansativa e angustiante em alguns momentos, me ajudou a clarear muita coisa. Não há como equacionar (ou tentar, pelo menos) uma questão se não pensarmos nela. Muitos pontos embaçados em outros momentos hoje se apresentam bem mais nítidos na minha cabeça, desde coisas mais práticas e específicas como áreas em que gostaria de atuar futuramente até as mais filosóficas como os valores e abordagens de uma empresa que me fariam ter vontade de trabalhar lá ou ainda conclusões como “IDH elevado não significa felicidade, necessariamente”…bom, pelo menos dependendo do momento de vida em que a pessoa se encontra.


De qualquer forma, a vida tem sido boa. Vida de trainee é boa, tem (quase) todos os elementos pra sê-la, em geral: uma realidade distinta que, por mais familiar que possa parecer passados alguns meses, sempre vai ser diferente (fator reforçado constantemente pelo fato de não entender picas do que estão falando a minha volta), a possibilidade de conhecer novos lugares, a convivência diária (tanto em casa quanto no trabalho) com pessoas tão diferentes, etc.


Pessoas. É o que torna tudo tão único e intenso, no fim. Estar com outros trainees e perceber que é possível estabelecer laços reais de amizade e afeto mesmo que as nossas culturas divirjam em alguns (ou muitos) pontos, que não nos façamos entender com 100% de precisão 100% das vezes ou então que um hábito comum no país de origem daquela pessoa é considerado “falta de educação” no meu país não tem preço, definitivamente. Diria que esta foi a maior conquista desta segunda experiência fora, algo que sempre tive como ideal de um intercâmbio mas que infelizmente, dada a peculiariedade da nossa situação na Polônia, não consegui ter em Cracóvia.


Por um tempo, o fator pessoas (ao lado de outros fatores, é bem verdade) foi o que me fez ter dúvidas se deveria ir embora mais cedo ou não (ou mesmo se deveria ir embora). Eis que do nada caiu uma ficha que, ao falar agora parece muito óbvia mas à época não parecia tanto: tanto eu quanto 90% dessas pessoas que fazem a diferença pra mim aqui hoje (os outros 10% são locais ou ex-trainees que foram contratados) estamos na mesma situação, qual seja todos em relativo início de carreira, tentando descobrir seus gostos e aptidões, muito de nós solteiros e sem nada que nos prenda a lugar algum. Ou seja, assim como estão todos aqui hoje, daqui a quatro meses pode estar menos da metade…ou mesmo ninguém.


Deixar de conviver com quem se gosta é dolorido e causa um vazio imenso, fato consumado. Mas passa, sempre passa e os laços verdadeiros e bem “atados” permanecem, sempre, por maior que seja o oceano existente entre as pessoas. Foi assim quando fui de Estrela para Porto Alegre, de Porto Alegre para Cracóvia e de Cracóvia para Zurique e será assim de Zurique para [PREENCHA AQUI COM O PRÓXIMO LOCAL ONDE VOCÊ ACHA QUE EU PODEREI ESTAR].


Sei que tou em paz comigo mesmo e com as minhas decisões e começando a me animar com as perspectivas! O binômio tempo+oportunidades é o que vai ditar o ritmo da coisa toda (no meu caso), é dar tempo ao tempo e esperar pra ver.



A partir do dia 17/8 vai ser o momento de colocar todas essas teorias bonitas em prática, heheh…vamos ver se funciona! : )

domingo, 2 de janeiro de 2011

e foi 2010. e nem doeu.

"Agora 2010 taí e, pela primeira vez em alguns anos, definitivamente não sei o que esperar de um ano. Acho que o ser humano, por mais que diga que não, gosta de uma certa previsibilidade."


Essa foi uma das frases com a qual eu iniciei meu blog neste post, uma semana antes de vir. Este post é mais pra registro mesmo. No fim, 2010 veio com tudo, cheio de alto e baixos, muitas incertezas, me apresentou pessoas das quais vou lembrar pra sempre (ou pelo menos por um bom tempo), conheci lugares que até então pareciam inacessíveis e distantes (and counting) e somando, dividindo e fazendo uma média ponderada pode-se dizer que o ano foi excelente, de mais! Hoje, quase um ano depois, devo fazer uma ressalva no que escrevi: ser humano gosta de previsibilidade...talvez. Põe ele a viver em outro país (ou nem isso, outra cidade até) pra ver se isso se mantém. No meu caso, não. Viver com previsibilidade total é chato. O problema é que viver sempre assim é insustentável (pelos padrões "normais"). Mas quem disse que a gente tem que viver na normalidade sempre? Tá, parei com os devaneios.


Datas redondas, como o primeiro dia do ano, despertam meu lado viajante e me fazem ver como o tempo passa rápido. Lembro direitinho de mim, na virada 2009/2010 lá em Capão, com a família, indo assistir à queima de fogos na praia e tal. Bah, parece que foi ONTEM...mas tipo, ONTEM mesmo, saca? O.o