quarta-feira, 14 de abril de 2010

Apertem os cintos, o presidente morreu!

Ao contrário do que o título do post possa sugerir, a situação na Polônia não é de caos político, anarquia nas ruas ou outras formas de desordem, pelo contrário: as coisas continuam a andar, as pessoas trabalham, a polícia está nas ruas, obras acontecem, enfim. Por mais que um evento dessa magnitude, em que morreram os dirigentes mais importantes do país, tenha uma baita relevância, não adianta, a vida, a economia e as instituições precisam continuar funcionando.

Vi que a notícia saiu nos jornais do Brasil, mas só pra fazer um resumo: no sábado, dia 10, um avião que contava com quase 100 pessoas a bordo (o presidente e a primeira dama poloneses, o chefe do exército, o presidente do Banco Central e outros figurões) caiu na Rússia, próximo a cidade de Smolensk (froteira com a Bielorrússia). Todas estas pessoas se dirigiam até à Rússia para as homenagens aos mais de 20 mil presos políticos poloneses mortos há 70 anos naquela mesma região pela então União Soviética sob o regime stalinista. Por hora, assume o governo o presidente do parlamento, mas, segundo a Constituição Polonesa, novas eleições devem ser convocadas até sessenta dias após a morte do presidente (as eleições de fato aconteceriam em setembro).

É meio complicado para um estrangeiro se sentir plenamente comovido, acho que só sendo um cidadão do país mesmo. Claro, o cara fica chateado pelas mortes e pela forma como foi, mas o fato de não ser daqui permite que veja as coisas com um pouco mais de distanciamento.

No sábado à tarde, fomos dar uma volta no centro e, já na ida, se percebia que o país estava de luto: bandeiras polonesas com fitas pretas nas janelas, vitrines, nos carros, nos bondes...o Carrefour do shopping não abriria no domingo em homenagem às vítimas bem como eventos esportivos e festivos foram cancelados (até um evento da AIESEC foi cancelado). Fomos à pé até o Wawel (castelo de Cracóvia) e tinha um multidão lá, muita gente mesmo. Depois li na internet que era uma vigília em homenagem às vítimas também. Enfim, uma comoção gigante (e parece que em todo o país tá assim).

Bandeira na saída do meu prédio

Bonde com bandeirinhas polonesas de luto

Velas acesas em frente ao palácio presidencial, Varsóvia

Como em toda história, sempre é bom ouvir outras opiniões, ter outras referências.
Ontem, durante o intervalo da tarde, eu tava conversando com o Krystian (um dos poloneses que trabalha conosco) sobre essa comoção toda e ele disse que há muita hipocresia, tanto da parte das pessoas quanto da mídia, em relação a todo o barulho que tá sendo feito. Segundo ele, o falecido presidente Lech nem era uma pessoa tão popular e querida assim, principalmente por ser um político de direita muito conservador e, por vezes, até mesmo antiquado em determinadas decisões. Os principais jornais poloneses (o Rzeczpospolita e o Gazeta) sentava o pau direto no cara, por exemplo. O Krystian é de Varsóvia e, segundo ele, durante o mandato de prefeito do ex-presidente, a cidade pouco avançou, poucos investimentos foram feitos e por aí vai. Some-se a isso o fato de o cara estar cercados de figuras sabidamente corruptas . E, pra piorar, o fato de o falecido presidente não ser uma pessoa das mais polidas, não falar inglês e etc. o fazia menos popular diante da classe média/alta polonesas (aliás, já vi um cenário parecido com esse em uma certa república da América do Sul, heheheh...).

O Krystian é um crítico ferrenho da Polônia e largou que, agora as pessoas pelo menos tem do que falar aqui e que essa morte do presidente mais parece um reality show, heheheh....bom, o cara nasceu e se criou aqui né, algum embasamento ele deve ter, eu só ouço. O fato é que, embora fosse um "euro-cético", o país avançou muito nos últimos anos, tendo sido o único da Europa a não entrar em recessão durante a crise mundial, ponto pra ele.

Ah, o Luís (portuga que mora comigo) acabou de vir me falar (e depois confirmei): o enterro do cara e da primeira dama vai ser AQUI EM CRACÓVIA, no Wawel (onde tão enterrados os reis poloneses) e detalhe: vem pro enterro Obama, Dimitri Mdvedev e cia. Ltda, tá aqui o link com a notícia, mais de 1 milhão de pessoas são esperadas. =O CARALHOOOO, essa cidade vai virar um caos, imagina??? Sábado e domingo, quem puder, que vá dar a sua banda em outros pagos, porque Cracóvia vai tá virada um pandemônio...

Catedral do Wawel (foto tirada por mim)

Mesmo sendo um evento triste e a cidade enchendo de gente, presenciar um momento histórico como esse acho que vai ser, no mínimo, interessante. Como diria o Anonymus Gourmet, "voltareeemos!"




3 comentários:

  1. eu ia justamente te mandar um email perguntando sobre a repercussão do fato por aí!

    Agora não precisa mais =P

    abração!!! hehehe

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  2. eu tava no hostel em buenos aires e tinha uns poloneses, quando ele soube ele deu um grito e depois ficou alegre. polonês é tudo doido =D

    abss vinee!

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  3. Poiseh xuxu...bem o q eu tinha perguntado..e sobre a comparação com uma certa república latino-americana que fique clara q as coinscidencias são poucas...e há uma diferença beeem grande: O polonês era de direita...
    ta, sem mais delongas hehehe
    beeeijos

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